Dando continuidade às ações da campanha de solidariedade ‘Quem tem fome tem pressa’, o Comitê de Solidariedade Bancária de Combate ao Coronavírus do Sindicato dos Bancários de Brasília fará nesta quarta-feira (27) a entrega de 100 cestas básicas aos moradores do Quilombo Mesquita, localizado na Cidade Ocidental (GO), a 42 km de Brasília. A entrega será feita em parceria com a Associação do Quilombo Mesquita a partir das 11h.

Os alimentos e materiais de higiene que compõem as cestas básicas foram adquiridos pelo Sindicato a partir das doações feitas por bancárias e bancários por meio da plataforma quemtemfometempressa.com.br, disponível no portal da entidade. Para dor, basta seguir as orientações.

A campanha de solidariedade do Sindicato foi lançada oficialmente no dia 1º de Maio, dentro da programação Dia dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, e tem como objetivo oferecer segurança alimentar e sanitária às pessoas em situação de vulnerabilidade social durante a pandemia do novo coronavírus. Foram entregues cestas às cooperativas de catadores da Centcoop, à cooperativa de egressos Coopernabrás e ao Acampamento 10 de Julho.

O público-alvo das ações do Comitê são catadores de materiais recicláveis, pessoas em situação de rua, mulheres vítimas de violência doméstica, abrigos para a terceira idade, quilombolas, LGBTs, creches e também, neste momento, categorias formais e informais com menor poder aquisitivo e que são impactadas pelo desemprego ou pela retirada de direitos nesse momento de pandemia.

Quilombo Mesquita

A palavra ‘quilombo’ refere-se a uma povoação fortificada de negros fugidos de cativeiros, dotada de divisões e organização interna, onde se abrigavam negros, índios e eventualmente brancos socialmente desprivilegiados. Diversos quilombos foram formados no século XIX, a partir da promulgação da Lei Áurea com o fim da escravidão, e um deles foi o Quilombo Mesquita.

Segundo Manoel Barbosa Neres, na obra ‘Quilombo Mesquita: história, cultura e resistência’, o surgimento do Quilombo Mesquita está diretamente ligado à chegada de José Corrêa de Mesquita com a companhia de Antônio Bueno de Azevedo e a cidade de Santa Luzia, atualmente Luziânia, município formado pelo bandeirante Antônio Bueno de Azevedo e sua tropa, na busca pelo ouro na região do Goiás em 1746.

Dos cerca de 3,2 mil quilombos já reconhecidos no Brasil, pouco mais de 200 foram titulados. E como no caso do Mesquita, muitos processos estão travados por impasses quanto à desapropriação e indenização de não quilombolas.

Grilagem é ameaça

Além disso, essa comunidade se vê atualmente ameaçada pela expansão da capital, pela acelerada valorização das terras na região e por meio de investidas do governo federal, como a MP 910, conhecida como a MP da grilagem, que, embora tenha caducado, tem o mesmo conteúdo do Projeto de Lei 2.633, do deputado Zé Silva (SD-MG), em tramitação na Câmara dos Deputados.

Comissão da Verdade da Escravidão Negra no DF e Entorno

Vale lembrar que, em 2016, o Sindicato criou a Comissão da Verdade da Escravidão Negra no DF e Entorno, que, depois de oito meses de atuação junto a diversas comunidades quilombolas, divulgou um relatório contendo informações mais detalhadas sobre o período da escravidão na região.

Renato Alves
Do Seeb Brasília